sábado, 14 de fevereiro de 2009

Electro de Cara Nova


por
Luiz Pareto



Electro, esse velho estilo que entrou e saiu de moda mais de uma vez e que recentemente voltou a ser tocado com mais frequência nas pistas do mundo todo. Ele nunca sumiu de vez realmente, pois alguma forma de electro-funk continuou sendo tocada em cidades como Detroit, Miami e até Rio de Janeiro. Mas de onde surgiu esse gênero?


Pode ser meio difícil você tentar dizer com exatidão qual foi o primeiro disco de electro ou quem foi seu criador, mas uma coisa é certa, o gênero deve muito a bandas como Kraftwerk (especialmente os trabalhos da década de 80) e Cybotron, e também a um produtor visionário do bairro Queens em N.Y. chamado Marley Marl, que acidentalmente inventou o sampler de drum machine e começou a fazer produções mais próximas do hip hop seguido por bandas como Mantronix, Soulsonic Force e Afrika Bambaata com sua popular "Planet Rock". A cultura do hip hop com suas danças cheias de movimentos de mímica ('breaking' ou 'breakdance') e estilo de vestir foram de alguma forma incorporadas à cena de electro. Pode-se dizer que o electro fez a ponte perfeita entre o hip hop e o techno que surgiu em 87 (Detroit).


Porém mais tarde, com a popularização da base funk, o electro deixou de ser visto como gênero eletrônico de qualidade. Passou um tempo até que em meados dos anos 90 rolou um novo hype em torno do estilo. A banda AUX 88 (na época já com 10 anos de estrada) foi apontada pelo NME como responsável pelo revival do gênero, mas os integrantes diziam que não era isso que tinham em mente e que a coisa era mais para acordar as pistas que estavam dominadas por um tipo de techno frio e sem alma. Pregavam a volta do elemento negro na música techno presente nos trabalhos dos criadores do estilo e também nas faixas do Underground Resistence (que em 98 lançou um álbum repleto de electro) de Mad Mike. Bandas como Dopplereffekt, Flexitone e Detrechno (assim como os selos Direct Beat e o ingles Clear) também foram importantes nessa época com suas produções de electro/techno-bass.



Nos últimos anos, a inglaterra também vem sendo berço de produtores desse estilo como Carl Finlow de Leeds (que também produz tech-house pelo selo 20:20 vision) e seu criativo projeto 'Voice Stealer'. O projeto de dub house/deep house 'Swayzak' também anda soltando faixas de electro. Enfim, o gênero continua por ai e está até bem forte em cidades como Amsterdam e Detroit. Mas e o Brasil nisso tudo? Como é que fica?

Bom, o electro rolou por aqui também de uma forma ou de outra. Os DJs tocaram bastante "Planet Rock" e faixas do Mantronix na década de 80 e em 96 quando o gênero voltou, uma festa em Sampa garantia longas sessões de electro misturadas a outros tipos de breakbeat. Era a finada festa 'Breakin'' que Mau Mau e eu faziamos semanalmente (96/97) e que continuei fazendo sozinho até meados de 99 sempre com DJs convidados como Alex U.M., Danny Junkie e George Actv. No Rio de Janeiro, fora o formato pop do funk (super influenciado pelo miami bass) que rola na periferia, tem também o DJ Mauricio Lopes, que desde os tempos da festa 'Oops', mistura bastante electro com techno para o delírio de seus seguidores. Ricardinho N.S. também vem fazendo o mesmo. Pelo visto, o estilo não vai sumir tão cedo e deve mesmo é continuar se reformulando e evoluindo.





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